Augusto Magalhães

Há uma luz no fim do túnel. O Teatro Ednaldo do Egypto, que há algumas semanas foi notícia aqui mesmo no BAFAFANOTICIAS por ter sido colocado à venda, amanheceu o dia hoje com funcionários fazendo reparos na fachada. O prédio atualmente é alugado à Prefeitura Municipal de João Pessoa e funciona como Centro de Arte e Cultura municipal.

Segundo a diretora do teatro, Letícia Rodrigues, a pintura e os reparos no prédio estão sendo realizados pela Secretaria de Educação e Cultura (Sedec) da Prefeitura de João Pessoa. Ela disse que as negociações sobre a aquisição do prédio ainda continuam e destacou a importância do teatro para a comunidade.

“É de grande importância a manutenção desse espaço dedicado às artes no bairro de Manaíra. Independente da construção de outros espaços culturais em outros bairros, como prevê o projeto do Centro Integrado de Educação em Mangabeira, o Centro de Arte e Cultura Teatro Ednaldo do Egypto já se incorporou ao cotidiano do bairro de Manaíra e serve de apoio pedagógico para alunos da rede pública de toda a região, como dos bairros de Manaíra, São José e Tambaú”, disse Letícia Rodrigues.

Além do argumento da gestora, a própria população pessoense já tem o Teatro Ednaldo como referência para espetáculos infantis, musicais infantis e adultos e espaço para a realização de eventos culturais e educacionais. Os artistas paraibanos também perderiam muito sem esse espaço para apresentar seus espetáculos e ministrar oficinas.

O proprietário do teatro, Fabiano do Egypto, disse ao BAFAFANOTICIAS que está aberto à negociação, já participou de reuniões na Secretaria Municipal de Educação e Cultura e aguarda proposta da Prefeitura. Ele disse, no entanto, que não hesitará em vender o prédio para uma construtora particular ou alguma instituição que não seja cultural e que, provavelmente, daria outra finalidade ao teatro. Esperamos que não seja necessário chegar a esse fim.

Antes de ver a pintura do prédio, eu tinha preparado um texto sobre a situação do teatro e resolvi mantê-lo sem qualquer alteração, embora veja que a reparação no prédio dá um fio de esperança para que essa questão seja resolvida sem a perda da casa de espetáculos. Segue o texto:

TRISTE REALIDADE

Em meio ao “boom” provocado pela estreia de Pinocchio no Teatro Santa Roza, o teatro paraibano vive também uma triste realidade. É a realidade da placa de venda na frente do Teatro Ednaldo do Egypto. Infelizmente, o teatro deixado de herança por Ednaldo para o filho está à venda.

O que pode ser feito para que aquele espaço que já se consolidou como uma opção de entretenimento não feche as portas? É só imaginar o prejuízo que isso causaria a toda a sociedade paraibana. Não falo só aos artistas, mas a toda a sociedade.

O público terá um teatro a menos, as crianças perderão o “quartel general” dos espetáculos infantis (Sim, o Ednaldo se consolidou com as apresentações infantis, mesmo que não se restrinja a isso!), os artistas perderão uma casa de espetáculos e a economia, essa sim, será afetada de todas as formas, pois a produção de um espetáculo e o público na plateia despertam toda uma cadeia produtiva: do pipoqueiro à costureira, do iluminador ao ator principal…todos ganham trabalho e renda quando o teatro funciona!

Triste é ver todo o esforço e dedicação do grande ator EDNALDO DO EGYPTO sendo jogados pelo ralo. É uma pena constatar isso. Quem é contemporâneo de Ednaldo e acompanhou, inclusive fazendo matérias sobre o assunto com o próprio Ednaldo, sente uma facada entrando no peito ao ver a placa de venda na frente do seu teatro.

Os governos, seja Municipal ou Estadual, devem se manifestar a respeito disso. Os artistas permanecem calados (ainda não entendi o por quê). Talvez seja pelo velho ditado: em briga de marido e mulher…, mas até isso já caiu de moda. A gente deve meter a colher sim! A classe artística está omissa, mas todos vão perder se o Ednaldo fechar.

Então vamos cair na real! Ei, artistas, estendam a faixa também! Vamos pra frente do teatro!
Ei, Governo do Estado. Ei, Prefeitura. Não sejam cúmplices do crime que está prestes a ser consumado.

Pensem na memória de Ednaldo ou pensem, se assim lhes cai melhor, no prejuízo para a economia que é o fechamento do teatro.

Querem um tempo pra pensar? Vamos tomar um café?