Augusto Magalhães

Não sei até aonde vai minha capacidade de indignação. Já estávamos quase chegando lá! Tentando respirar, vendo uma luz no fim do túnel. De repente, vem o FestVerão! Pessoas dançando, sorrisos soltos, o suor escorrendo pelo rosto, braços, dedos, corpos suados e uma alegria fulgás. A região metropolitana de João Pessoa virou uma festa!

O resultado já havia sido “cantado” até pelos que não acreditam na vacina: os casos de Covid voltarão a subir daqui a 15 dias. E subirem mesmo! De índices abaixo de 10% de ocupação das UTI´s, conseguidos a muito custo, com muita restrição e depois de muita morte, João Pessoa voltou a beirar os 90% de ocupação dos leitos, conforme o noticiário local.

O que me deixa estarrecido e de “queixo caído” é ver que nossos representantes legais parecem não se importar com isso. O novo decreto publicado pelo Governo do Estado nesta quarta-feira, 16 de fevereiro, cancela o feriado de carnaval na Paraíba, mas mantém a autorização para a realização de festas particulares.

Em linhas gerais, o novo decreto diz que fica prorrogada a vigência do decreto de 31 de janeiro de 2022, ou seja, apesar de ter cancelado o carnaval, estão liberadas as festas com limite de público e obedecendo as regras de prevenção à covid. A gente sabe que essas regras serão desrespeitadas e que não há fiscalização eficiente por parte dos órgãos públicos.

A realização de shows públicos está proibida, mas os privados não! Isso quer dizer que os produtores de eventos, tipo FestVerão, vão poder fazer shows no carnaval, mas o limite de público é de 50% da capacidade do local e até 5 mil pessoas. E acham pouco 5 mil pessoas? Quem vai fazer a festa é o coronavírus!

Ainda sobre os shows, o decreto diz que todos os protocolos devem ser seguidos, como a apresentação do passaporte da vacina e teste de Covid negativo, realizado até 72 horas antes do evento. Eu pergunto: o Estado tem condições de fiscalizar e garantir o cumprimento disso? Os produtores de shows estão mais interessados em barrar quem está sem máscara ou ganhar o dinheiro do ingresso?

Minha gente, estamos enxugando gelo! Não é possível que o exemplo do FestVerão não tenha sido suficiente. Quantas mortes queremos mais? Quanto sacrifício queremos mais dos que estão se cuidando, restringindo seu lazer, abrindo mão de passeios com seus filhos e seus companheiros ou companheiras?

Já está provado que o modelo “não pode a festa oficial, mas pode a particular” não funciona! A não ser que a gente esteja gostando de andar mascarado, ainda que não seja uma bela máscara de fantasia de carnaval!

Vamos tomar um café?

Veja o decreto na íntegra:

https://auniao.pb.gov.br/servicos/arquivo-digital/doe/2022/fevereiro/diario-oficial-16-02-2022.pdf