Lula faz história e Bolsonaro terá que enfrentar processos como cidadão comum

Lula foi eleito presidente pela terceira vez neste domingo, 30 de outubro. foto: Reprodução internet/Carl de Souza/AFP

Fernando Patriota

O domingo, 30 de outubro de 2022, passa a ser uma data histórica para a democracia brasileira e mostra, mais uma vez, a força política e a forte relação que Lula (PT) tem com o povo brasileiro, principalmente com as camadas mais pobres do Nordeste, onde o presidente recebeu quase 70% dos votos, no segundo turno. Além de trazer a esperança e derrotar o crescimento do fascismo no Brasil, representado pelo presidente derrotado e seus seguidores, Lula tem um papel crucial, sobretudo, na implantação de ações contra o desmatamento na Amazônia e o combate à miséria, fome e desemprego.

“O Brasil não pode mais conviver com esse imenso fosso sem fundo, esse muro de concreto e desigualdade que separa o Brasil em partes desiguais que não se reconhecem. Este país precisa se reconhecer. Precisa se reencontrar consigo mesmo”, disse Lula, logo após ser eleito pela terceira vez, com mais de 60 milhões de votos recebidos, um recorde. O presidente fez questão de lembrar que mais de 33 milhões de brasileiros e brasileiras passam fome, atualmente. “Nosso compromisso mais urgente é acabar outra vez com a fome. Não podemos aceitar como normal que milhões de homens, mulheres e crianças neste país não tenham o que comer, ou que consumam menos calorias e proteínas do que o necessário”, acrescentou.

Sobre a questão ambiental, o The New York Times publicou um editorial nessa quinta-feira (27), no qual afirma: “Luiz Inácio Lula da Silva promete acabar com a destruição e provou que pode ser duro com o crime ambiental e entregar resultados em dois mandatos anteriores. A eleição presidencial do Brasil vai determinar o futuro do planeta”, diz um dos jornais mais lidos do mundo.

O reconhecimento internacional de Lula vai além das manchetes de jornais. O presidente dos EUA, Joe Baiden, foi um dos primeiros líderes a reconhecer a vitória do ex-metalúrgico. “Parabenizo Luiz Inácio Lula da Silva por ser escolhido para ser o próximo presidente do Brasil, após eleições livres, justas e com credibilidade”. Quem também se apressou para enviar congratulações e fortalecer os laços de entre os dois países, foi o Vladmir Putin. “Confio que por meio de nossos esforços conjuntos garantiremos um desenvolvimento maior da cooperação construtiva enter Rússia e Brasil em todos os âmbitos”, disse o presidente da Rússia.

Contudo, essa eleição tem outro viés. A partir do dia 1º de janeiro do próximo ano, Bolsonaro (PL) perde o foro privilegiado e responderá processos como um cidadão comum. Isso significa que quando deixar a Presidência da República, passará a responder as suspeitas na Justiça Comum e a Polícia Federal pode continuar as investigações sem autorização do Supremo Tribunal Federal (STF). No radar, existem quatro inquéritos importantes que ele terá que enfrentar. O primeiro deles envolve as fake news, como ainda a interferência indevida na Polícia Federal, divulgação de dados sobe ataque ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e notícias falsas sobre a vacina da Covid-19. Além dos inquéritos no STF, Bolsonaro também tem acusações no relatório final da CPI da Covid, apuradas pela Procuradoria-Geral da República.

Bolsonaro foi o candidato à Presidência da República que mais responde a processos propostos por adversários no TSE e o primeiro na história da política brasileira a não ser reeleito. Conforme levantamento obtido pelo Jornal Estadão, mostra que Bolsonaro é alvo de quase 25% das ações em tramitação na Corte. Os motivos vão desde a disseminação de fake news até abuso de poder político e econômico.

Outra dor de cabeça para Bolsonaro é o famigerado sigilo de 100 anos. Em vários debates Lula afirmou que vai derrubar o sigilo. “A hora que levantar o tapete da sala, vocês vão ver a podridão que tem lá. A gente vai saber o porquê tornou sigilo os pastores que entravam na sala dele, quem estava no caminhão que estava cheio de barras de ouro nos pneus”, adiantou o presidente eleito.

Fernando Patriota é jornalista