ZÉLIA GONZAGA: Voz que marcou época nas noites da radiofonia paraibana

Radialista Zélia Gonzaga. Foto reproduzida do livro ‘A Voz Feminina do Rádio”, de Marcella Machado

Augusto Magalhães

Quem deu a sugestão foi o amigo e radialista Germano Barbosa, me informando sobre os 80 anos da radialista paraibana Zélia Gonzaga, completados exatamente hoje, dia 12 de Outubro.

De imediato, minha mente viajou no tempo e me levou aos anos 80 quando fui pela primeira vez no Sistema Correio de Comunicação levado pelo grande diretor de teatro Geraldo Jorge para conhecer de perto o programa de Zélia.

Aquilo tudo me encantou, conhecer a pessoa da qual ouvia a voz pelas ondas do rádio nas noites pessoenses! E eu nem poderia imaginar que anos mais tarde, já na década de 90, estaria eu mesmo trabalhando como repórter no próprio Sistema Correio. Eis as voltas que o mundo dá!

Hoje o dia é para celebrar Zélia Gonzaga e não para as minhas memórias teatrais e jornalísticas! Atualmente, Zélia mora no Paraná, mas com certeza sua voz marcante faz parte de gerações de paraibanos que ouviam seu programa na rádio Correio.

Não me arriscaria a escrever muito sobre essa radialista e cantora – sim, Zélia também é cantora – porque tive pouco contato com ele e pouco sei sobre sua vida, mas não poderia deixar de prestar-lhe essa homenagem pela passagem dos seus 80 anos.

Para isso, fui buscar no livro da jornalista Marcella Machado as informações que a mesma garimpou com tanto cuidado e carinho sobre as vozes femininas do rádio na Paraíba. O livro foi a monografia apresentada por Marcella para a conclusão do curso de Jornalismo pela UFPB, com orientação da professora Sandra Moura.

“Avoz feminina do rádio: vida e protagonismo de radialistas em João Pessoa (2018), traz a trajetória de grandes profissionais em cinco capítulos: Zélia Gonzaga (A dama do rádio), Irece Botelho (A voz de veludo), Ana Paula (A dona da noite), Edilane Araújo (A voz dos palcos) e Josy Gomes (Uma flor tabajarina).

Sobre Zélia Gonzaga, a autora afirma: “Maria Zélia Gonzaga da Silva, ou Zélia Gonzaga. A locutora entrou no rádio na adolescência como cantora romântica em programas de calouros e de auditório na década 1950. Atuou nas rádios Tabajara, Arapuan, Correio e Cultura de Guarabira, na década de 1960 até o início dos anos 2000, quando se aposentou e foi morar no Paraná onde vivem os três filhos”.

Zélia Gonzaga nasceu em João Pessoa, no Dia da Criança, um 12 de outubro de 1941. No rádio, a filha de dona Risomar Camelo e do seu Luiz Gonzaga, quase foi rebatizada como “Zeli González” por sugestão do locutor e radioator, Geraldo Cavalcante. “Eu disse, ‘não, é muito espanholado, não quero’. Aí, terminou
ficando Zélia Gonzaga, que é o meu nome de solteira”, explica no livro da jornalista Marcella Machado.

Isso foi apenas o começo de uma trajetória brilhante em várias emissoras de rádio de João Pessoa. É claro que antes de chegar aos estúdios das rádios, Zélia Gonzaga participou de programas de auditório da Rádio Tabajara e chamou a atenção dos produtores da época.

Diante da competição que existia entre as pretendentes a cantoras, ela quase desistiu, pois detestava competições, mas uma vaga de cantora recém-aberta mudaria os planos.

“Um dos maestros, logo que soube que haveria testes para encontrar uma nova voz feminina para o cast tabajarino avisa à moça. O homem de cara fechada como se estivesse sempre com raiva enganava pela aparência. Romualdo Silva ficou fã de Maria Zélia Gonzaga e, sempre que podia, dava dicas para a jovem intérprete. Diante daquela nova oportunidade a garota vacilava. Teste era sinônimo de competição e era exatamente disso que estava fugindo. Ainda em dúvida, preferiu arriscar”, conta o livro “A Voz Feminina do Rádio”.

Bem, graças a Deus Zélia Gonzaga preferiu arriscar! Com isso ela nos deu o prazer de ter seu talento e sua voz durante muitos anos nas noites da radiofonia paraibana.

Daí até os anos 80, onde minha memória consegue chegar, muitas águas rolaram e muitas músicas tocaram. Sem muitos detalhes sobre a trajetória dela – que é considerada a Dama do Rádio – deixo aqui minha homenagem a Zélia Gonzaga. Um registro simples, mas feito com a memória afetiva de uma época de bons programas nas ondas do rádio da Paraíba. Viva Zélia!

Momentos da vida e carreira de Zélia Gonzaga. Foto extraída do livro “A Voz Feminina do Rádio: vida e protagonismo de radialistas em João Pessoa”, de Marcella Machado

Redação Bafafá com informações do livro “A Voz Feminina do Rádio: vida e protagonismo de radialistas em João Pessoa”, da jornalista Marcella Machado.