PRODUTOR CULTURAL ACUSA EMPRESÁRIO DE DESRESPEITO E HUMILHAÇÃO EM LAVANDERIA DE JOÃO PESSOA

Lavanderia Classe A no bairro do Geisel, em João Pessoa. Foto: Maviael Ribeiro

Augusto Magalhães

Bafafanoticias – Qual a linha que separa um cliente consolidado de um cliente em potencial? Essa pergunta poderia estar na mesa de cabeceira de um estudante de marketing ou em algum livro de Introdução à Teoria da Administração, mas na Paraíba virou caso de polícia.

O fato aconteceu no último domingo, 16, na recém-inaugurada Lavanderia Classe A – Prestadora no bairro do Geisel, em João Pessoa, quando o empresário Yuri Armando pediu para o estudante e produtor de cinema Maviael Ribeiro se retirar do estabelecimento e voltar apenas quando fosse utilizar os serviços da lavanderia, pois ali era espaço apenas para os clientes.

O estudante saiu indignado com a situação, alegando que o empresário fez isso na frente de todos os clientes da loja e ainda de forma grosseira e preconceituosa. “Ele me colocou para fora de forma totalmente desrespeitosa, inclusive me deixando em condição inferior a todos que estavam lá. Eu tinha entrado ali para conhecer um novo ambiente que me chamou atenção. Fui para ver como funcionava e decidir se iria utilizar os serviços, ou seja, eu era naquele momento um cliente em potencial”, argumenta Maviael.

O empresário Yuri Armando, por sua vez, disse que não houve maus tratos e que apenas informou que o rapaz não poderia demorar muito no local, já que não havia demonstrado interesse de utilizar os serviços até aquele momento. Para o empresário não houve intimidação ou má fé.

O caldo engrossou e ambos registraram Boletim de Ocorrência. O produtor cultural relatou o caso nas redes sociais. O Bafafá Notícias, como manda o bom jornalismo, entrou em contato com o empresário, que encaminhou sua versão dos fatos para o blog. Veja o que cada um publicou.

A DENÚNCIA

“Entrei apenas para conhecer um estabelecimento comercial novo que abriu perto de onde moro, pois como morador daquele local achei que deveria conhecer o espaço novo para entender o funcionamento. No local vi que havia uma poltrona e uma tomada para clientes e coloquei meu celular para carregar por um instante. Estava simplesmente sentado conversando com todos sobre o novo espaço, sem causar nenhuma ameaça ou comportamento que pudesse colocar em risco o estabelecimento nem os clientes no espaço. Nunca imaginei que seria expulso de forma tão humilhante, na frente de outras pessoas pelo próprio dono,” escreveu Maviael nas redes sociais.

E continuou: “Foi uma situação extremamente desconfortável, desrespeitosa e humilhante, o dono do estabelecimento me expulsou pedindo para me retirar e retornar apenas quando eu fosse cliente, para poder ser tratado e respeitado como cliente, e não teria tempo para debater temas profundos, fechou a porta de vidro na minha cara e se trancou com os clientes que eram os seus amigos.”

“Ao me expulsar, o empresário Yuri Armando da “Lavanderia Classe A Prestadora” desrespeitou meus direitos de querer fazer uso do estabelecimento dele futuramente. Eu estava avaliando o ambiente para decidir sobre o uso dos serviços, e a atitude do empresário foi precipitada, injusta e discriminitatória. Estou comprometido em buscar justiça pelo constrangimento que sofri e pelo tratamento desrespeitoso e preconceituoso que eu recebi no local, como falei para o empresário para que ele estive plenamente ciente das minhas ações futuras…”

No dia seguinte, voltei ao local para fotografar o espaço e, depois, retornei para informar os seus clientes sobre o que aconteceu comigo. Em nenhum momento houve xingamentos de minha parte. Minha revolta como cidadão injuriado e que não era pra menos, foi uma reação ao constrangimento que sofri e reafirmo meu compromisso de buscar justiça contra ele e seu estabelecimento como eu disse para ele e continuarei a dizer a mesma coisa.”

“Estou devastado com essa situação. Como cidadão, como morador, como paraibano, além de produtor de cinema, como ator, como artista e como produtor artístico-cultural, ele me tratou como um lixo e achei o atendimento dele comigo altamente segregador, discriminatório, seletivo e higienista”, concluiu Maviael Ribeiro que, além de produtor, é colaborador no laboratório de narrativas audiovisuais Aruanda-Energisa, no Fest Aruanda.

O OUTRO LADO

O Bafafa Noticias ouviu o proprietário da Prestadora Lavanderia Classe A. Veja o que ele disse:

“No dia de domingo uma pessoa entrou no estabelecimento às 10 horas da noite, aproximadamente, e por lá permaneceu por quase duas horas sem fazer uso dos serviços da nossa lavanderia. Quando foi aproximadamente 11 e 30 da noite perguntei se essa pessoa gostaria de fazer uso da lavanderia, e ela disse que apenas iria ficar lá sentada. Pedi a ele que quando quisesse fazer uso da lavanderia retornasse ao local, que estaríamos prontos para lhe atender”, disse o empresário Yuri Armando.

E continuou: “O cliente saiu e ficou lá fora durante duas horas esperando o fechamento e ao me encontrar começou a me fazer marcas dizendo que iria fechar a lavanderia, chamando de espelunca e me dirigindo xingamentos. Desde então ele vem diariamente ao local sondando com razões desconhecidas mediante as ameaças que fez a minha pessoa”.

“A lavanderia é um local privado para uso comercial e as instalações são apenas para clientes que estão fazendo uso dela, sendo permitida a visitação livre, e não a permanência por horas sem que faça uso comercial. Os clientes que estavam no local ficaram sem saber quem era a pessoa e também não sabiam o que ela fazia lá por mais de uma hora”.

E concluiu: “Caso a mesma pessoa deseje fazer uso comercial do local as portas estão abertas e em momento algum houve desrespeito ou coação ao rapaz. De toda forma, o local está aberto para livre visitação e também para uso, para todos sem exceção,  desde que faça uso das instalações comerciais de maneira remunerada”.

IMAGENS

As imagens enviadas ao blog pelo produtor de cinema Maviael Ribeiro mostram a sequência em que ele está dentro da loja com os clientes e depois está sozinho, sentado do lado de fora. No dia seguinte, avisos colocados na loja alertando os clientes sobre a presença de “pessoas intrusas” no ambiente e lhes garantido o direito à segurança. Veja as fotos: