Igreja do Rosário – Areia (PB)

Imagem da Igreja do Rosário, Centro Histórico de Areia. Foto: Germana Bronzeado

Germana Bronzeado

Embora não se tenha dados concretos, sabe-se que a Igreja do Rosário é uma das mais antigas da Paraíba. Sua construção foi iniciada em meados do século XVIII (18), vindo a ser concluída somente no século XIX (19), no ano de 1886, com a chegada de uma verba de quatro contos de réis concedida pelo Governo da Província da Paraíba. Ainda em 1886 foi celebrada a primeira festa religiosa na Igreja do Rosário.

Em 1873, o Pe. Antônio José Borges, autorizado pelo Vigário Odilon Benvindo, instalou a Irmandade existente até os tempos de hoje. Em 1952 a Irmandade do Rosário teve as suas atividades paralisadas, tendo sido reiniciada em 1989. Os escravos foram os responsáveis pela mão-de-obra utilizada na construção e na história de Areia.

O dia 06 de janeiro (dia de Reis) era muito festejado na Igreja, com celebração de missa solene e chamada dos irmãos para o pagamento de suas atividades. Assim começaram as comemorações da FESTA DO ROSÁRIO.

São mais de 100 anos de tradição na “Vila Real do Brejo de Areia” (Nome da cidade na época da construção da Igreja).

Sobre Areia

O conjunto histórico e urbanístico de Areia foi tombado, em 2006. Para o tombamento, o IPHAN baseou-se no valor histórico, urbanístico e paisagístico atribuído ao conjunto, pela ativa participação da cidade nas revoluções ocorridas no século XIX. Também foi destacado o valor da cidade como remanescente arquitetônico dos séculos XVIII e XIX e da paisagem natural que a circunda. Na área tombada existem cerca de 420 imóveis.

A cidade está situada na mesorregião do agreste e na microrregião do brejo paraibano, no topo da Serra da Borborema, a 618 metros de altitude em relação ao nível do mar, com uma população estimada em 22.940 habitantes (IBGE-2016). Sua bela paisagem natural é valorizada pelas ruas que acompanham a topografia acidentada do terreno, possibilitando vários pontos de observação nas encostas da serra. Em Areia, nasceram o pintor Pedro Américo e o escritor José Américo de Almeida. No Museu de Pedro Américo estão inúmeras réplicas dos quadros do mais célebre cidadão areiense – entre elas a famosa obra: O Grito do Ipiranga, encomendada por Dom Pedro II.

Areia foi considerada por muito tempo como terra da cultura, e seu Theatro Minerva inaugurado 50 anos antes do teatro de João Pessoa, capital do Estado da Paraíba. A cidade recebia estudantes de todo o Nordeste, sendo expoentes deste tempo a Escola de Agronomia do Nordeste, o Colégio Santa Rita (das irmãs franciscanas), e o Colégio Estadual de Areia (antigo Ginásio Coelho Lisboa

No processo de povoamento do interior da Paraíba, Areia se originou de um ponto estratégico de parada e abrigo aos tropeiros que vinham do sertão em direção ao litoral para a comercialização dos seus produtos. A partir do final do século XVII e início do século XVIII, surgiu o povoado inicialmente denominado Sertão do Bruxaxá (“terra onde canta a cigarra”). Bruxaxás eram os índios que primitivamente habitavam a região.  Por essa época, no local onde hoje se ergue a cidade, um português construiu um albergue à margem do cruzamento de estradas muito frequentadas pelos que, procedentes do alto sertão paraibano ou de Pernambuco, seguiam para Mamanguape ou a Paraíba.

O colono, pela amizade que fez com os nativos, recebeu a alcunha de Bruxaxá. O movimento de viajantes e tropeiros pelo local atraiu habitantes, formando-se ali, em pouco tempo, próspera povoação, que passou a chamar-se Brejo de Areia, em virtude de correr nas imediações o riacho de nome Areia. Distrito criado com a denominação de Brejo d`Areia, em 1813, subordinado a vila de Monte-Mor. O município surgiu, desanexado do de Monte-Mor (atual Mamanguape), em 1815. Elevado à categoria de vila com a denominação de Brejo d`Areia, em 1815, e desmembrado da Vila de Monte-Mor. Em 1846, foi elevada à condição de cidade e sede municipal com o nome de Areia. A cidade é lembrada, também, pela participação de seus habitantes em movimentos políticos do século XIX. 

População aderiu ao movimento libertador de Pernambuco e participou das revoluções Confederação do Equador (1817) e Revolução Praieira (1848). Durante a Confederação do Equador partiram de Areia (que foi sede temporária da Província) as tropas do sargento-mor Félix Antônio Ferreira de Albuquerque que combateram as forças legais. A estes homens se incorporaram os remanescentes dos batalhões de Pais de Carvalho, marchando os revoltosos até o Ceará, onde foram aniquilados. Em fevereiro de 1849, travou-se em Areia o último combate da Revolução Praieira.  Os rebeldes, depois do malogrado ataque ao Recife, invadiram a Paraíba e se refugiaram em Areia, onde receberam auxílio do juiz municipal Maximiano Lopes Machado e do coronel Joaquim dos Santos Leal. Entrincheiraram-se na cidade, sustentaram seis horas de combate, que terminou em fuga e dispersão pelo interior. Na cidade, a campanha abolicionista foi das mais intensas, destacando-se a Mocidade Emancipadora Areiense, à frente da qual se encontrava Manuel da Silva. Areia foi à primeira cidade do estado da Paraíba a libertar seus escravos, no dia 3 de maio de 1888, dez dias antes da proclamação da Lei Áurea.

Fonte:

https://acheitdoemareia.wordpress.com

https://areia.pb.gov.br

Germanda Bronzeado é fotógrafa e colabora com a coluna Memória Fotográfica