ARTISTA PARAIBANO RADICADO NOS ESTADOS UNIDOS EXPÕE A PARTIR DE SEXTA NA USINA CULTURAL ENERGISA EM JP

A exposição pode ser visitada até o dia 27 de julho na Usina Cultural Energisa. Fotos: Divulgação

Bafafanoticias – O artista visual e multimídia Petrônio Bendito expõe a partir desta sexta-feira, 28, na Usina Cultural Energisa, em João Pessoa. Bendito é paraibano de Itabaiana, mas atualmente está radicado nos Estados Unidos, onde desenvolve sua arte, é professor e pesquisador de mídias digitais.

Intitulada Cores Digitais, Formas & Resiliência, a exposição traz gravuras, fotografia, instalação, vídeo, site specific produzidos entre 2008-2024. Ao todo, são 55 obras que ficam em cartaz de 28 de junho a 27 de julho de 2024, com visitação de terça a sábado, das 13h às 18h. A curadoria é de Dyógenes Chaves (ABCA/AICA).

Vernissage será nesta sexta-feira, 28, das 19h às 22h e a Usina Cultural Energisa fica na Rua João Bernardo de Albuquerque, 243 – Tambiá – João Pessoa/PB.

O projeto Ocupação Usina de Artes Visuais é uma realização do Ministério da Cultura do Governo Federal, produção da 2ou4, patrocínio da Energisa (via Lei Rouanet) e apoio do Instituto Energisa.

A Usina Cultural Energisa, desde sua criação em 2003, tem sido palco de grandes iniciativas culturais como o Festival de Cinema de Países de Língua Portuguesa (Cineport), Prêmio Energisa de Artes Visuais, entre outros. E a Usina não para. Uma programação permanente ocupa espaços como a Galeria de Arte, a Galeria Alexandre Filho, a Sala Vladimir Carvalho, a Tenda da Música, o Espaço Energia e o Café da Usina, atraindo diariamente um público interessado em apreciar shows, concertos, exposições, lançamentos de livros, cinema, teatro e feiras criativas.

A ocupação dos espaços acontece através de editais e traz uma programação inovadora, multilinguagem, majoritariamente gratuita e acessível a todos os públicos, que valoriza à cultura regional, o fomento a economia criativa, o intercâmbio de sotaques e saberes e a promoção das diversidades, prezando pela democratização cultural através de ações de difusão e formação artística.

O QUE DIZ O CURADOR

Os desastres naturais – terremotos, tornados, furacões, tsunamis, enchentes etc. – sempre ocorreram ao longo da existência do planeta, todos sabem. Que suas ocorrências também tem a mão do homem, são fatos cada vez mais comprovados, queiram ou não os negacionistas do clima. Há poucos dias vivemos no Sul do país, em Porto Alegre e adjacências, um dos mais graves destes tipos de desastres, a transbordagem de rios e lagos que acabaram por inundar quase que totalmente várias cidades e campos.

O artista Petrônio Bendito (PB), paraibano radicado nos Estados Unidos, onde é professor e pesquisador na área das artes digitais, aborda esse assunto, entre outros interesses que tem no segmento das artes gráficas e visuais. O que ele apresenta na Usina Energisa é um recorte de sua produção em que se debruça sobre as mazelas trazidas à humanidade por estes desastres, do furacão Katrina, nos EUA (2005) até o terremoto e tsunami ocorrido no Japão (2011), passando por outros eventos como os terremotos no Haiti (2010) e no Chile, em Concepción (2010), o tsunami na Tailândia (2004) e o furacão Sandy, em Nova York (2012), entre tantos.

Mas a ideia não é só fazer releituras de imagens amplamente divulgadas na internet ou, mesmo, apenas discutir sobre questões como a redução da emissão de gases de efeito estufa, sempre em pauta nos principais encontros de líderes mundiais. Por outro lado, vivemos a era da imagem. E, pra todo lado, virtualmente ou não, nos deparamos com imagens bombardeadas, minuto a minuto, em nossas telas minúsculas de smartphones e tablets. Assim também ocorre com as notícias massivamente ilustradas em tempo real sobre estes desastres. Para nossa sorte, Petrônio domina também outro assunto, também conceitual, que tem a ver com a criação digital de uma imagem. Aliás, vivemos em plena ebulição da Inteligência Artificial (IA), o que nos oferece milhares de dúvidas sobre imagens e sua realidade.

Então, aqui copio depoimento muito pertinente da poeta e professora Terezinha Fialho, que sintetiza sobre o que PB apresenta nesta exposição: “O artista mostra obras recentes e uma coleção de gravuras digitais moldadas por meio da Inteligência Artificial (I.A.), coerente com as tendências do século 21. Um aspecto que traz novas leituras e dialoga com o status quo das Belas Artes. O que é Arte na era digital?” E continua: “Bendito retira as cores dos desastres naturais, capturadas pelas fotografias, criando paletas originais. Outro aspecto a ser considerado, são as obras realizadas com paletas de cores algorítmicas do artista, ou seja, paletas que se regeneram por meio de processos computacionais aplicados à expressão artística. Dentre as múltiplas paletas de cores geradas, Petrônio escolhe aquelas que ele quer transformar em Arte. Um aspecto inovador. A presente exposição oferece um banco de dados. Imagens retiradas do Domínio Público e dos Creative Commons (CC), matéria-prima do processo criador do artista. O banco de dados, online, é fonte de conhecimento e informações para pesquisas. É o futuro que se torna presente.”

A mostra de Petrônio Bendito também quer falar que o enfrentamento às mudanças climáticas requer ação em todos os níveis da sociedade, desde indivíduos e educadores até formuladores de políticas e empresas, e governos. Aliás, a aprendizagem sobre esse assunto ajuda às comunidades e indivíduos a reduzir, por exemplo, as emissões de gases de efeito estufa e a adaptar-se efetivamente às mudanças climáticas. Mas há outros assuntos em pauta. Por isso convido todo o público a visitar a exposição de Petrônio Bendito e ter acesso à sua obra tão atual e vigorosa. E urgente. (Dyógenes Chaves – ABCA/AICA).

O ARTISTA

Petrônio Bendito (Itabaiana/PB, 1971), brasileiro radicado nos Estados Unidos. Artista das mídias digitais, designer e professor na School of Design, Art and Performance da Purdue University, nos Estados Unidos (2001~). Foi estudante do Departamento de Artes da UFPB (1992-93). Fez curso de escultura com Alexandre Azedo na Fundação Espaço Cultural (circa 1990).

Membro do Clube da Gravura da Paraíba em João Pessoa (anos 80). Possui Bacharelado em Belas Artes (BFA) com concentração em Arte e Design pela Central Michigan University (1996), Mestrado em Belas Artes (MFA) em Comunicação Visual (1998) e Doutorado (Ed.D.) em Instructional Design pela Northern Illinois University (2006), ambas nos Estados Unidos, onde lecionou a convite do seu orientador, Prof. Leif Allmendinger, após o término do curso. Lecionou na St. Paul University em Chicago (1998) nos Estados Unidos e na American University of Paris (2008) na França. No Brasil, ministrou cursos sobre metodologia das cores na Universidade Positivo, na UFPR e na UFRJ (2012).

Na Ásia, ministrou palestras na China no Beijing Institute of Technology (2018) e na Tailândia na Chulalongkorn University (2023). Seus trabalhos artísticos e acadêmicos investigam conteúdos teóricos e pragmáticos sobre a cor e a interseção entre arte, ciência e tecnologia. Ele é o autor do círculo cromático RGB/CMY Digital Color Wheel, uma ferramenta usada para o ensino das cores no contexto da arte e design do século XXI. É autor do Digital Color Guide (Guia da Cor Digital) a ser publicado pela Davis Publishing Inc. nos EUA (inverno de 2024). Bendito é escritor colaborador da The Bloomsbury Encyclopedia of Design (Londres-Nova York) e membro do conselho editorial do Journal of Visual Literacy, da International Visual Literacy Association, publicado pelo Taylor & Francis Group.

As obras de Petrônio Bendito são citadas em publicações interdisciplinares internacionalmente. “Image and Imagery” no texto de Elizabeth Mix (Corrado Federici, Ed.), publicado pela Peter Lang International Academic Publishers (2005); “Les Entreprises Critiques” de Rose Marie Barrientos, et al., publicado pelo Cité du Design, Paris (2008)); na revista Consortium, No. 100 no artigo “Bridging The Math-Art Divide” dos autores Sarah Williams e David Pier, publicado pelo Consortium for Mathematics and its Applications (2010); “Dicionário das Artes Visuais na Paraiba” de Dyógenes Chaves (2010), e o catálogo de exposição individual publicada pelo Art Museum of Greater Lafayette (EUA), intitulada “Petronio Bendito: Digital Color, Algorithm and Expression” (2014) que inclui ensaios dos historiadores de arte Catherine Dossin e Elizabeth Mix, e apresentação por Terezinha Fialho.

Bendito recebeu vários prêmios, incluindo o Prêmio de Realização Criativa da International Visual Literacy Association (2007), Melhor do Show/Gravura Digital (2013), Indiana Arts Commission Grant (2013), Prêmio de Aquisição do Bank One (2004), Indiana Partnership for Statewide Prêmio de Educação (2004), VPA/Purdue – Prêmio de Excelência do Ensino (2005), Puffin Foundation – Artist Grant Award (2003), 15º AVA Juried Annual Exhibition Award (2002).

O artigo “Algorithmic Color Methods of Media Arts” [Métodos Algorítmicos de Cor nas Artes Midiáticas] publicado pelo ACM Journal on Computing and Cultural Heritage (2023) foi reconhecido no 14º Congresso da International Color Association (AIC) em Milão como uma contribuição significativa para os estudos da cor. Bendito colabora extensivamente em projetos interdisciplinares com profissionais de várias áreas, incluindo música, dança, coreografia, teatro, design de luz, matemática, neurociência e ciência da computação.

Contatos | pbendito@purdue.edu | @petronio.bendito.colors | www.naturaldisastercolor.net

Redação Bafafá com assessoria

Fotos: Divulgação