A GENEROSIDADE DE GERALDO JORGE E A FORMAÇÃO DE ATORES E ATRIZES DO TEATRO PARAIBANO

Geraldo Jorge: diretor de várias gerações do teatro paraibano. Foto: Bafafa Imagem

Augusto Magalhães

O teatro paraibano está de luto. O ator, autor e diretor Geraldo Jorge faleceu no final da tarde deste domingo, 7 de abril, em sua casa no bairro de Jaguaribe, em João Pessoa. A informação foi confirmada pelo sobrinho do diretor, João Eduardo, ao site Bafafa Notícias.

O velório vai acontecer a partir das 7h00 da segunda-feira, 8, no Cemitério Parque das Acácias (bairro José Américo), em João Pessoa, e o sepultamento está previsto para acontecer às 16h00.

Geraldo Jorge de Lima foi o criador do Grupo de Teatro Tenda, em 1972, e abriu a portas e as cortinas do teatro para várias gerações de atores e atrizes (quase todos – senão todos – que conheço passaram pelos ensinamentos de Geraldo). Ele é o autor e foi o primeiro diretor do espetáculo de maior sucesso da Paraíba: o PASTORIL PROFANO.

Falar sobre Geraldo é falar sobre generosidade. Durante mais de 40 anos manteve as oficina GRATUITAS do Grupo Tenda para qualquer pessoa que quisesse enveredar pelo teatro. A oficina já era uma tradição todos os sábados a partir das 14h00 no Teatro Lima Penante, em João Pessoa.

Geraldo Jorge fazia questão de dizer que as aulas eram gratuitas e terminavam no final do ano com a montagem de um espetáculo apresentando novos atores e atrizes ao teatro. Foi assim que muitas gerações do teatro paraibano se formaram.

Era no Lima Penante que o Teatro Paraibano se encontrava. O novo em contato com os mais experientes e assim Geraldo também proporcionava a quem estava chegando ingressar em outro grupos. Não havia egoísmo. Todos poderiam seguir outro passos ou continuar no GRUPO TENDA. O importante mesmo era oferecer o palco, seu ofício, sua vida. Assim foi Geraldo Jorge! Que os Deuses do Teatro, da arte e da alegria o recebam e que tenha uma nova vida de paz e harmonia!

Personagens icônicos da primeira versão do Pastoril em 1993 ganharam vida própria e e incorporaram ao cotidiano da cidade, como BIUZINHA PRIQUI, TOINHA – A GOSTOSA, MARIA DUBU, BETH CAMBURÃO, DONA CREUZA (CREUZA, MULHER) e tantas outras personagens que o teatro paraibano jamais esquecerá.

Foi de Geraldo Jorge também a direção de grandes sucessos do teatro infantil, como o clássicos O GATO DE BOTAS, O CASAMENTO DE DONA BARATINHA E A CIGARRA E A FORMIGA. Com textos de sua autoria, montou ALI LADRÃO E O 40 BABÁS, O SAPATEIRO DO REI, O REI VAI À RUA, MENINOS, PERDIDOS NA FLORESTA BELELÉU, entre dezenas de trabalhos para o público infantil. Um dos últimos espetáculos dirigidos por Geraldo foi a comédia NÃO É MAIS AQUILO.

Geraldo Jorge também atuou em cena. Como ator, fez um personagem emblemático na montagem de ARLEQUIM, SERVIDOR DE DOIS AMOS. Além disso, até onde minha memória chega, trabalhou como ator numa montagem mais antiga de PERDIDO NA FLORESTA BELELÉU.

Geraldo, não tenho mais palavras e se tivesse todas seriam poucas para falar sobre você, sua arte e sua vida.

Sei que se você estivesse aqui já teria me dito: DEIXE DE COLETE, GUTO! E completaria: “…É A PROPOSTA!”

Sentiremos saudade, GERALDO!

Um abraço!